segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Inflamação

Como já mencionado em postagens anteriores, os estimulos exógenos e endógenos podem causar lesão celular. Nos tecidos vascularizados os mesmos estímulos provocam também resposta no hospedeiro chamada de inflamação. A inflamação é uma reação complexa a vários agentes nocivos, que consiste em alterações vasculares, migração e ativação de leucócitos e reações sistêmicas.

A resposta inflamatória é considerada como um mecanismo de reparo e de defesa. Como mecanismo de defesa a inflamação tem como objetivo final a eliminação da causa inicial da lesão celular (p.ex. Microrganismo, Toxinas) e das consequências de tal lesão (p.ex. Células e Tecidos Necróticos. Já o reparo começa nas fases iniciais da inflamação mas geralmente só é finalizado depois que a influência nociva foi neutralizada. Durante a fase de reparação, o tecido danificado é substituído por meio de regeneração de células parenquimatosas nativas, pelo preenchimento com tecido fibroso ou, o que é mais comum, por uma combinação desses dois processos.

A resposta inflamatória consiste em dois componentes principais: Uma reação vascular e uma reação celular. Diversos tecidos e celulas estão envolvidos nessas reações, incluindo o fluido e as proteinas do plasma, as células circulantes, os vasos sanguíneo e os componentes celulares e extracelulares do tecido conjuntivo.

Inflamação Aguda e Crônica /Quanto ao Tempo de Duração

Podem ser agudas ou crônicas, as primeiras tendo um curso rápido (entre 1 a 2 semanas) e as outras constituindo processos mais demorados (superam 3 meses). A variação entre os dois processos está diretamente vinculada aos fatores que influenciam a inflamação. Assim, de modo geral, diante de estímulos de intensidade na qual o hospedeiro consiga reagir de modo a tornar esse estímulo de curta duração, presenciar-se-á o aparecimento de exsudações plasmáticas e de neutrófilos, ambos característicos dos processos agudos. Por outro lado, a persistência do estímulo - exigindo uma reação diferente da anterior por parte do hospedeiro - promove um aumento dos graus de celularidade (principalmente dos elementos mononucleares), o que determina uma fase proliferativa e reparativa e, portanto, de inflamação crônica. Obviamente, existem casos em que há um curso agudo da inflamação, mas morfologicamente não se observam os elementos clássicos de uma inflamação aguda (intensa exsudação plasmática e presença de neutrófilos); em outras situações, ainda, pode-se observar que um quadro inflamatório crônico, que dura semanas, passa a exibir grande quantidade de neutrófilos e os sinais cardinais típicos da inflamação aguda; nesse caso, diz-se que a inflamação crônica se agudizou. Portanto, a relação cronológica e morfológica nem sempre é constante.

Fonte
Robbins e Cotran
http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoarteinfl.htm







sábado, 25 de setembro de 2010

Calcificação

A calcificação patológica é a deposição anormal de sais de cálcio, juntamento com pequenas quantidades de ferro, magnésio, e outros sais minerais nos tecidos. existem duas formas de calcificação:
  • calcificação distrófica
  • calcificação metastática
Calcificação Distrófica

É encontrada em áreas de necrose. Nos ateromas da aterosclerose avançada, a calcificação é praticamente inevitável. Ela também ocorre normalmente nas valvas cardíacas dos idosos ou danificadas, dificultando ainda mais a sua função.

Sendo comum em áreas necrosadas, portanto sem função, a calcificação distrófica não traz maiores conseqüências para o local. É, antes de tudo, um sinal da existência de uma lesão prévia. Se, porém, ocorrer em locais com funções com mobilidade (por exemplo, as articulações sinoviais), pode comprometer essa atividade. Além disso, sua presença nos casos de ateroesclerose provoca deformações nos vasos, induzindo à trombose.

Calcificação Metastática

A calcificação metastática é originada de uma hipercalcemia. Essa situação pode ser devida à remoção de cálcio dos ossos (comum em situações de cânceres e inflamações ósseas, imobilidade, hiperparatireoidismo) ou à dieta excessivamente rica desse íon. Aumentando os níveis de cálcio, imediatamente a relação desse íon e o fosfato é desequilibrada, o que contribui para a combinação de ambos e para a sua posterior precipitação nos tecidos que entram em contato com essas altas concentrações calcêmicas.






pigmentos

Substâncias coloridas, sendo algumas constituintes normais das células (ex. a melanina), enquanto outras são anormais e se acumulam nas células em determinadas circunstâncias. Podem ser exógenas, originando-se fora do corpo, ou endógenas, sintetizado no próprio corpo.

Pigmentos Exógenos
A inalação das agregados de proeira de carvão em trabalhadores de carvão podem causar uma reação fibroblástica e até mesmo enfisema, causando uma grave doença pulmonar conhecida como pneumoconiose dos carvoeiros. A tatuagem é uma forma localizada de pigmentação exógena da pele.
Pigmentos endógenos

A melanina: é o único pigmento marro-escuro endógeno, é formado quando enzima tirosinase catalisa a oxidação da tirosina em diidrofenilalanina nos melanócitos.

Hemossiderina: resultado da polimerização do grupo heme da hemoglobina, a hemossiderina é uma espécie de armazenagem do íon ferro cristalizado. Este se acumula nas células, principalmente do retículo endotelial. É originada da lise de hemácias, de dieta rica em ferro ou da hemocromatose idiopática (alteração da concentração da hemoglobina nos eritrócitos).Sua cor é amarelo-acastanhado.

Bilirrubina: é o produto da lise do anel pirrólico, sem a presença de ferro. Conjugada ao ácido glucurônico pelo hepatócito, a bilirrubina torna-se mais difusível, não se concentrando nas células que fagocitam hemáceas, o que provoca um aumento generalizado desse pigmento, denominado de icterícia. Tem sua origem nos casos de lise hemática, de doença hepatocítica ou de obstrução das vias biliares. Acredita-se, hoje, que a bilirrubina seja originada da hematoidina, pigmento que se cristaliza próximo às hemácias rompidas.

sábado, 4 de setembro de 2010

Apoptosis (Español)

O vídeo fala de células cancerígenas que perdem a capacidade de apoptose e contnuam a crescer
Apoptose" origina-se do grego e significa "cair fora" , ou seja, é o mecanismo pelo qual a célula promove a sua autodestruição de modo programado. Esse fenômeno já foi observado, dentre outros processos, durante a embriogênese (principalmente nas fases de organogênese e de involução), durante os processos de metamorfose (relacionados principalmente a metaplasias), em quadros de alteração hormonal, como a menopausa (envolvendo as células endometriais), em tumores com fases de regressão ou de intensa proliferação e em algumas doenças virais (como a hepatite viral).

A importância desse mecanismo, em primeira instância considerado normal, relaciona-se primeiramente ao controle da densidade populacional de células normais; pode ser interpretado também como o instrumento de deleção de células danificadas por toxinas, radiação ou outros estímulos.

Os eventos celulares que fazem parte da apoptose incluem, inicialmente, a condensação da cromatina nuclear, oriunda da fragmentação do DNA por endonucleases; o mecanismo da ativação dessas endonucleases ainda não está completamente estabelecido. Há também diminuição do volume celular, decorrente de ligações interprotéicas no citoplasma. As células em apoptose manifestam receptores para macrófagos, os quais fagocitam essas células. Todos esses eventos são controlados por genes responsáveis pelo crescimento e diferenciação celular.

fonte:http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoartenecA.htm

Necrose

Como já mencionado em postagens anteriores, quando uma célula sofre agressão, e se o estímulo nocivo é retirado, a célula pode compensar as alterações que sofreu e retornar ao estado de normalidade. Entretanto, estímulos nocivos persistentes ou excessivos levam a célula a cruzar o limiar da lesão irreversível. Elas sofrem alterações bioquímicas e morfológicas sequenciais conforme a lesão progride e finalmente sofrem necrose.

A necrose se refere ao aspectro de alterações morfológicas que ocorrem após a morte celular em um tecido vivo resultando, em grande parte, da ação progressiva de enzimas nas células que sofreram um lesão letal. Rotineiramente, a necrose é o correspondente macroscópio e histológico da morte celular que ocorre devido a uma lesão exógena irreversível. As células necróticas são incapazes de manter a integridade das membranas e seu conteúdo geralmente extravasa. Isso pode causar inflamação no tecido adjacente.

Morfologia de células necróticas
  • Aumento da eosinofilia;
  • Aparência vítrea mais homogênea do que as células normais, principalmente devido à perda dos grânulos de glicogênio;
  • Citoplasma apresenta vacúolos e um aspectro corroído, resultado de enzimas que digeriram as organelas citoplasmáticas;
  • Calcificação de células morta.
Alterações nucleares
  • A basofilia da cromatina pode diminuir (cariólise);
  • Picnose, encolhimento do núcleo e aumento da basofilia, o DNA aparentemente se condensa em uma massa basofilia, sólida e encolhida;
  • cariorréxis, fragmentação do núcleo picnótico.
Com o passar do tempo ( um ou dois dias ), o núcleo na célula necrótica desaparece totalmente.

As células necróticas depois de terem sofridas as alterações anteriormente descritas, as massas de células necróticas pode apresentar diversos padrões morfológicas.

A necrose de coagulação acontece caracteristicamente quando da morte celular por hipóxia em todos os tecidos, à exceção do cérebro. Nesse tipo de necrose, predomina a coagulação protéica, e tende a acontecer em tecidos com alto teor de proteínas. Os tecidos afetados apresentam uma textura firme. A acidose intracelular desnatura proteínas e enzimas, bloqueando a proteólise celular. Há manutenção da arquitetura básica e contorno das células por, pelo menos, alguns dias.

• A necrose de liquefação é característica de infecções, pois essas promovem o acúmulo de células inflamatórias; e também da morte por hipóxia do sistema nervoso. Esse tipo de necrose ocorre quando há o predomínio de liquefação enzimática; acontece quando o tecido tem grande teor gorduroso. As células mortas são completamente digeridas e há transformação do tecido em uma massa viscosa

• A necrose caseosa é uma forma distinta de necrose de coagulação, encontrada comumente em focos de tuberculose. Esse termo é derivado da aparência branca, semelhante a queijo, da área necrótica. Essa área, nos focos tuberculosos, é cercada por uma borda inflamatória (reação granulomatosa).

• A necrose gordurosa se refere a áreas de destruição de gordura que ocorre como resultado da liberação de lípases pancreáticas ativadas na cavidade abdominal, quando de uma pancreatite aguda, por exemplo.

A maioria das células necróticas e de seus fragmentos acaba desaparecendo, devido à digestão enzimática e à fragmentação, seguidas da fagocitose por macrófagos e leucócitos. Se essa fagocitose e destruição dos restos celulares necróticos não ocorrer rapidamente, sais de cálcio e outros minerais podem ser atraídos, acontecendo calcificação no local. Esse fenômeno é denominado calcificação distrófica.

Necrose de nariz por conta do consumo excessivo de cocaína.

O nariz é frequentemente afetado durante a utilização de cocaína pela aspiração. As lesões do septo nasal com possível perfuração ocorrem a apartir da intensa vasoconstrição local desencadeada pela droga ( causando isquemia), podendo resultar na formação de fístulas e desencadeamento de processos infecciosos.

Fontes

Livro- Patologia, Robbins e Cotran

site-http://www.abpbrasil.org.br/departamentos/coordenadores/coordenador/noticias/?dep=4&not=139

http://www.digimed.ufc.br/wiki/index.php/Necrose_e_Apoptose



quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mecanismo das lesões celulares

Os mecanismo bioquímicos responsáveis pela lesão celular são complexos. Entretanto, existem vários principios que são relevantes na maioria das lesões celulares.
A lesão celular resulta de anormalidades funcionais e bioquímicos em um ou mais componentes celulares essenciais. Os principais alvos dos estímulos nocivos são:
  • A respiração aeróbica envolvendo a fosforilação mitocondrial oxidativa e a produção de ATP;
  • A integridade das membranas celulares, da qual depende a homeostasi iônica e osmótica da célula e de suas organelas;
  • A síntese protéica;
  • O citoesqueleto;
  • A integridade do componente genéticos da célula.
Diminuição do ATP

A diminuição do ATP este associado a lesões hipóxicas e químicas (tóxicas). O fosfato de alta energia, na forma de ATP, é necessário para vários processos sintéticos e de degeneração na célula. Eles incluem transporte pela membrana, síntese protéica, lipogênese e reações de deacilação-reacilação, necessários para as alterações que ocorrem com os fosfolipídios. O ATP é produzido de duas maneiras; A via principal nas células de mamíferos é a fosforilação oxidativa do difosfato que ocorre nas mitocôndrias e a segunda é via glicolítica, que pode gerar ATP na ausência de oxigênio usando glicose derivada de fluidos corporais ou da hidrólise de glicogênio.

A redução do ATP a <5% a 10% dos níveis normais tem efeitos disseminados em muitos sistemas celulares críticos.
  • Uma falha no transporte ativo (bomba de sódio-potássio), devido a redução da concentração de ATP e aumento da atividade de ATPase, causa acúmulo intracelular de sódio e perda de potássio da célula. Com a entrada facilitada do sódio, há também passagem de água para dentro da célula, causando edema celular e ditalatção dos retículos endoplasmático.
  • O metabolismo de energia celular está alterado. Se o suprimento de oxigênio para a célula é reduzido, como ocorre na isquemia, a fosforilação oxidativa cessa e as células ficam dependentes da glicólise, que é um processo anaeróbico, projetado para manter as fontes de energia da célula gerando ATP por meio de metabolismo da glicose derivada do glicogênio. Consequentemente, os depósitos de glicogênio são rapidamente reduzidos. A glicólise resulta no acúmulo de ácido lático e fosfato inorgânicos devido à hidrólise dos ésteres de fosfato. Isso leva a uma redução do PH intracelular, resultando na diminuição da atividade de muitas enzimas celulares.
  • Com uma diminuição prolongada do ATP, ou com seu agravamento, ocorre uma ruptura estrutural dos mecanismo de síntese protéica manifestada palo deslocamento dos ribossomos do retículo endoplasmático granular e dissociação dos polissomos em monossomos, com a consequente redução na síntese de protéinas. Finalmente, ocorre um dano irreversível às membranas mitocondriais e lisossomais, levando à necrose celular.
Lesão mitocondrial
Lesões celulares freqüentemente são acompanhadas por alterações morfológicas das mitocôndrias. As mitocôndrias são lesadas por diversos mecanismos, tais como perda da homeostase do cálcio, cuja concentração aumenta no citosol, stress oxidativo e fragmentação dos fosfolipídios. O aparecimento de poros na membrana mitocondrial pode levar à morte da célula.

Influxo de cálcio para o citosol e perda da homeostase do cálcio
A homeostase do cálcio é indispensável para a manutenção das funções celulares. A falência da bomba de cálcio promove a sua entrada para a célula e seu acúmulo no citoplasma, além do seu escape das mitocôndrias e do retículo endoplasmático para o citosol. O cálcio promove a ativação de diversas enzimas. Estas enzimas ativadas promovem a inativação do ATP (ATPases), lise das membranas celulares (fosfolipases), lise das proteínas estruturais e das membranas (proteases) e fragmentação da cromatina (endonucleases).

Acúmulo de radicais livres do oxigênio
Como conseqüência do metabolismo celular normalmente há formação de pequena quantidade de radicais livres, que tem potencial lesivo para as células. Estas possuem mecanismos de defesa que evitam danos por estes radicais livres (vitamina C, catalase, super óxido-dismutases, glutation peroxidase, ferritina, ceruloplasmina). Porém um desequilíbrio neste sistema (aumento da formação e/ou diminuição da inativação) pode levar a lesões celulares. Há diversos mecanismos para formação destes radicais livres: absorção de radiação ionizante, metabolismo de determinadas drogas, geração de óxido nítrico (NO) e outros. As conseqüências desta agressão por radicais livres são diversas, mas as principais são: peroxidação dos lipídios das membranas, oxidação de proteínas e lesões do DNA.

Defeitos na permeabilidade das membranas
A perda da permeabilidade seletiva das membranas celular, mitocondrial, lisossomal, causa uma série de transtornos à célula, permitindo a entrada ou escape de substâncias. Esta lesão pode ser causada por falta de energia (isquemia) ou por lesão direta por toxinas, vírus, substâncias químicas, fragmentos do complemento, etc. Os mecanismos bioquímicos envolvidos são: disfunção mitocondrial, perda de fosfolipídios das membranas, anormalidades no citoesqueleto, radicais livres, subprodutos da fragmentação dos lipídios.

Fontes:
Livro- Patologia, robbins e cotran.
Site-http://www.pathology.com.br/metodos/mecanismos_lesao_celular.htm