sábado, 4 de setembro de 2010

Necrose

Como já mencionado em postagens anteriores, quando uma célula sofre agressão, e se o estímulo nocivo é retirado, a célula pode compensar as alterações que sofreu e retornar ao estado de normalidade. Entretanto, estímulos nocivos persistentes ou excessivos levam a célula a cruzar o limiar da lesão irreversível. Elas sofrem alterações bioquímicas e morfológicas sequenciais conforme a lesão progride e finalmente sofrem necrose.

A necrose se refere ao aspectro de alterações morfológicas que ocorrem após a morte celular em um tecido vivo resultando, em grande parte, da ação progressiva de enzimas nas células que sofreram um lesão letal. Rotineiramente, a necrose é o correspondente macroscópio e histológico da morte celular que ocorre devido a uma lesão exógena irreversível. As células necróticas são incapazes de manter a integridade das membranas e seu conteúdo geralmente extravasa. Isso pode causar inflamação no tecido adjacente.

Morfologia de células necróticas
  • Aumento da eosinofilia;
  • Aparência vítrea mais homogênea do que as células normais, principalmente devido à perda dos grânulos de glicogênio;
  • Citoplasma apresenta vacúolos e um aspectro corroído, resultado de enzimas que digeriram as organelas citoplasmáticas;
  • Calcificação de células morta.
Alterações nucleares
  • A basofilia da cromatina pode diminuir (cariólise);
  • Picnose, encolhimento do núcleo e aumento da basofilia, o DNA aparentemente se condensa em uma massa basofilia, sólida e encolhida;
  • cariorréxis, fragmentação do núcleo picnótico.
Com o passar do tempo ( um ou dois dias ), o núcleo na célula necrótica desaparece totalmente.

As células necróticas depois de terem sofridas as alterações anteriormente descritas, as massas de células necróticas pode apresentar diversos padrões morfológicas.

A necrose de coagulação acontece caracteristicamente quando da morte celular por hipóxia em todos os tecidos, à exceção do cérebro. Nesse tipo de necrose, predomina a coagulação protéica, e tende a acontecer em tecidos com alto teor de proteínas. Os tecidos afetados apresentam uma textura firme. A acidose intracelular desnatura proteínas e enzimas, bloqueando a proteólise celular. Há manutenção da arquitetura básica e contorno das células por, pelo menos, alguns dias.

• A necrose de liquefação é característica de infecções, pois essas promovem o acúmulo de células inflamatórias; e também da morte por hipóxia do sistema nervoso. Esse tipo de necrose ocorre quando há o predomínio de liquefação enzimática; acontece quando o tecido tem grande teor gorduroso. As células mortas são completamente digeridas e há transformação do tecido em uma massa viscosa

• A necrose caseosa é uma forma distinta de necrose de coagulação, encontrada comumente em focos de tuberculose. Esse termo é derivado da aparência branca, semelhante a queijo, da área necrótica. Essa área, nos focos tuberculosos, é cercada por uma borda inflamatória (reação granulomatosa).

• A necrose gordurosa se refere a áreas de destruição de gordura que ocorre como resultado da liberação de lípases pancreáticas ativadas na cavidade abdominal, quando de uma pancreatite aguda, por exemplo.

A maioria das células necróticas e de seus fragmentos acaba desaparecendo, devido à digestão enzimática e à fragmentação, seguidas da fagocitose por macrófagos e leucócitos. Se essa fagocitose e destruição dos restos celulares necróticos não ocorrer rapidamente, sais de cálcio e outros minerais podem ser atraídos, acontecendo calcificação no local. Esse fenômeno é denominado calcificação distrófica.

Necrose de nariz por conta do consumo excessivo de cocaína.

O nariz é frequentemente afetado durante a utilização de cocaína pela aspiração. As lesões do septo nasal com possível perfuração ocorrem a apartir da intensa vasoconstrição local desencadeada pela droga ( causando isquemia), podendo resultar na formação de fístulas e desencadeamento de processos infecciosos.

Fontes

Livro- Patologia, Robbins e Cotran

site-http://www.abpbrasil.org.br/departamentos/coordenadores/coordenador/noticias/?dep=4&not=139

http://www.digimed.ufc.br/wiki/index.php/Necrose_e_Apoptose



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